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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

1º Capítulo - Escolhido (2)

Acordei cansado. Quando cheguei à escola, Anne estava lá com suas amigas Emily e Haley, fui até elas para puxar assunto. Mas não havia o que conversar. Anne não olhava pra mim e Haley e Emily me encaravam como se eu tivesse assassinado alguém. Foi quando eu decidi falar por fim.


- Oi Anne

Ela nem se virou ao ouvir seu nome, nem minha voz. Eu me aproximei mais dela e suas amigas se afastaram de mim reclamando. Recomecei

- Me desculpe Anne

Ela continuou não se mexendo e fingindo não ter visto minha presença. Depois ela virou o rosto e fingiu ter se interessado por um menino que passava, e ele piscou pra ela, e ela sorriu.

Ela depois se virou novamente e olhou pra mim. Piscou duas vezes e, seriamente, falou:

- Oi, Eddy! Desculpe-me, o que você estava falando? Você estava falando comigo?

- Hum... – Engoli em seco, ela estava me ignorando – Nada não.

- Ah...

Ela se virou, novamente, e continuou olhando as pessoas passarem. Eu pisquei e refleti. O que eu estava fazendo? Estava ignorando minha única e melhor amiga? Acho que antes de agir, eu devia pensar melhor no assunto.

Respirei três vezes e tentei de novo.

- Anne... – Ela então me olhou, e eu fiquei mais nervoso – Eu... Er... – Ela balançava a cabeça, incentivando-me que continuasse a falar – Eu fui um tolo, não devia ter começado a briga. Me desculpe... – Pedi novamente

Não sei se implorar ajudava muito, mas mesmo assim implorei por suas desculpas. Ela fechou os olhos e eu andei em direção a sala.

Entrei na sala e o professor estava fazendo a chamada. Na hora que eu entrei ele gritou

- Eddy!

- Presente – Murmurei

Sentei ao lado de meu colega de classe Martin, que também era um de meus amigos desde a 5ª série, que também já foi ex-namorado de Anne. Mas desde que terminaram não se falam mais, e isso faz uns cinco meses.

Olhei a data no quadro e vi que já era 21 de maio, ou seja, faltava apenas dois meses para o aniversário de Anne. Teria que pensar em fazer alguma coisa extremamente incrível para pedir oficialmente desculpas pra ela.

Durante a aula, o que eu pensei foi só em Anne. Ela invadiu minha cabeça, e não me deixou pensar em nada mais, a não ser Anne. Anne, Anne, Anne...

Eu realmente teria que tomar uma atitude, nem que seja agora mesmo. Rapidamente tentei pensar em algo que pudesse dar certo, mas a única coisa que pensei foi fugir pra bem longe. Ir embora daqui para não estragar mais a vida dela.

Quando saímos da aula, eu não pensei duas vezes em correr para fora do colégio e seguir direto pra casa. Eu ainda não estava arrependido de fugir dos três próximos períodos.

Eu me sentia mal. Como se Anne abrisse ela mesma um buraco em meu peito. Eu estava sendo “traído” por ela. Como se todos esses tempos de convivência não valessem nada mais agora para ela.

Me tranquei no quarto e liguei o som. Ouvi que minha mochila tocava uma música também, mas mais baixa e irritante. Andei até ela e, de raiva, sacudi-a. Do bolso esquerdo de fora, meu celular caiu no chão e a musica ainda tocava.

Anne estava me ligando. O que ela queria saber de mim? Ela não ia me desculpar. O que valeria eu atender o celular e falar com ela, se não ia mudar nada?

Mas, do mesmo jeito, atendi.

Quando atendi, ela suspirou.

- Ufa! Que bom que você atendeu – A voz dela era rouca e preocupada

- Hum – Resmunguei, minha voz era fria.

- Eddy? – Ela perguntou ainda meio rouca.

- Sim – Murmurei

- Ai, Eddy! Quando vamos parar de brigar e sermos amigos de verdade?

Amigos de verdade? Então, para ela, ainda não éramos amigos? Quando seriamos então?

- Somos amigos – murmurei novamente

- De verdade?

- O que seria de verdade? – resolvi perguntar, era uma afirmação.

- Sim! – admiti, gostava mesmo, mas não conseguia dizer em voz alta.

- Eu gosto de você!

- Sim, e...

- Tututututu...

Olhei pro celular e as luzes se apagaram.

Droga!

- Não! –Tinha acabado a bateria.

- Droga, droga, droga! – gritei.

Joguei o celular no chão e corri para fora de casa, para esquece essa dor que eu sentia ao pensar em Anne. No sofrimento que eu via no rosto, na voz de Anne. Ela estava sem vidas. Não podia continuar assim.

Segui correndo e fui à direção que os meus pés me levavam. Claro que fui parar na casa dela. Não esperei, nem mesmo bati na porta. Entrei e a encontrei na cozinha tomando um copo deágua.

Ela arregalou os olhos, surpresa, e sorriu.

- Eddy! Eddy, você veio. Achei que você ia me...

Não agüentei o impulso que me deu. Agarrei-a e a beijei. Ela retribuiu o beijo e depois recuou. Ela ofegou e sua respiração aumentou de ritmo. Eu pisquei duas vezes. O que eu estava fazendo? Ela arregalou os olhos, desta vez, confusa.

- Me desculpe, eu...

Ela se lançou contra mim, e me beijou novamente. Mas eu saí. Me virei e ela me olhou.

- Desculpe – repeti.

Notei que ela começou a objetar, mas se interrompeu. Viu que eu não voltaria. Eu andei pela cidade pensando no que devia fazer. Eu já havia começado, então teria que terminar. Mas como?

Resolvi voltar pra casa. A porta estava aberta. Meus pai já haviam chegado? Entrei e olhei para a sala. A TV estava ligada. Fui para a cozinha peguei um copo de água, a fim de me afogar em minha própria tristeza e solidão.

Alguém andava pela casa. No segundo piso, ouvi uma porta se abrir. Andou ate a escada e eu esperei fazer algum barulho no terceiro degrau que range, mas não ouve nenhum som.

A única pessoa que sabia e lembrava do terceiro degrau quebrado era Anne. O que estaria fazendo aqui? Continuei tomando minha água, e vi alguém. Claro...

- Gah! – engasguei e me afoguei com a água.

Depois de me recuperar, perguntei ainda um pouco engasgado.

- O que você esta fazendo aqui?

- Precisamos conversar – ela falava claramente e sua voz estava linda.

- Conversar sobre o que? Já falamos tudo o que tínhamos que falar.

Anne ficou quieta e esperou. Eu continuei.

- Eu acho que não servimos um para o outro – Vi que ela baixou a cabeça – Não paramos de nos meter em brigas...

- Não é verdade! – Ela me interrompeu e começou a chorar.

- Eu não quis dizer isso. Eu te amo muito, Anne.

- Eu sei. Eu também.

Eu beijei o alto de sua cabeça e ela me abraçou mais forte e eu envolvi meus barcos em sua cintura. Já tinha me esquecido de que horas eram. E nem queria lembrar que daqui a minutos meus pais chegariam em casa.

Ela me soltou e eu não a impedi de se virar para a porta. Eu segurei sua mão e a puxei novamente, beijando-a. Suas lágrimas ficaram em minhas bochechas e ela nos separou.

Eu sequei suas lágrimas e ela sorriu. Ela correu e me abraçou. Eu não a abracei por muito tempo, e ela logo correu para fora de minha casa. No resto da tarde só pensei em Anne.

Quando meus pais chegaram em casa, eu estava no meu quarto, nem ouvi. A música alta invadia meus ouvidos e me impedia de pensar.

Um pouco mais tarde, desci as escadas, nas nuvens, e preparei um sanduíche. Eles me olhavam e toda a hora se perguntavam o que eu estava fazendo.

- Meu filho... – começou minha mãe – Você está bem?

- Sim - Respondi na hora, e ela notou minha alegria na voz.

Jantamos em silencio e quando pro quarto minha mãe subiu comigo. Logo depois ela sentou ao meu lado na cama.

- Tem algo que queira me contar?

- Sim. É a Anne.

- Ela beijou você?

- Não – Não sabia explicar. Não sabia como começar – Eu beijei ela.

Ela abriu um sorriso largo e brilhante. Me deu um beijo na bochecha e falou:

- Muito bom. Qual foi a reação dela?

- Ela gosta muito de mim. Então, ficou feliz. – Lembrei de seus olhos...

Ela ficou quieta por um tempo, mas antes que ela pudesse falar, eu recomecei.

- Eu não sei que faço agora. Se eu a peço em namoro...

Minha mãe pensou duas vezes.

- Você tem 16. – concluiu

- Muito bem – Argumentei com sarcasmo

- Quantos anos ela tem?

- Hum... 16 – Ela era um mês mais velha que eu.

- Ótimo. – Disse ela com um meio sorriso no rosto – Já está tarde, vá dormir.

Acho que dormi bem aquela noite, bom, na verdade não sei bem. Não me vi dormindo...

Era cedo demais. Umas quatro horas e eu já estava acordado. Tomei banho e pensei. Pensei em como começar tudo. De novo. Eu estava pensando no dia me que fomos ao cinema e lembrei que não via Darren desde aquele dia.

“Onde será que ele está?”, fiquei com esse pensamento na cabeça por um bom tempo, até que lembrei de um comentário que ele havia feito, de que ia passar alguns dias na casa de uns amigos em outra cidade, que eu não me lembro agora. Pensei em ligar pra ele, mas quando eu o liguei, não atendeu.

O que eu faria agora? Meu mundo havia despencado em um mar de duvidas e perguntas sem respostas. Teria de recomeçar. Por onde eu começaria? Como começaria? Pelo caminho mais fácil até Anne ou o mais complicado, resolver meu sério problema com Darren?

Mas não vê-la não tem explicação. É o mesmo que caminhar na escuridão. Pois eu não sei viver triste e sozinho, é a minha condição.

Botei minha roupa e meus pensamentos voavam como flechas dentro de minha cabeça. Tinha tanto o que refazer...

Ainda cinco horas, e meu sono tinha se esgotado. Não tinha paciência o suficiente para eu dormir. Não agora. Meus pais há essa hora, ainda estavam dormindo. O que, agora, eu poderia estar fazendo? Minha consciência chamava para sair e pegar um ar fresco. Obedeci-a e andei para fora de casa, antes pegando um casaco.

Ventava muito. Meu cabelo voava para trás e o vento batia forte em meus ouvidos. Mas eu não sentia frio. Eu estava confortável e acomodado com minha bermuda e minha camisa.

Por nenhum momento me senti frio e não me encolhi nenhuma vez com o vento chicoteando minhas pernas em meus braços. Depois de um tempo caminhando contra o vento, eu nem sabia mais porque eu estava andando por essa direção. Olhei para trás. Minha família, meus amigos, todos ficam para o lado contrario do que eu estava indo. Por que eu tinha escolhido essa opção? Seria a melhor decisão para tomar?

Ah, que ótimo! Já deviam ter se passado horas e eu não estava em casa. Beleza. Meus pais, agora acordados, devem estar dando milhões por minha cabeça.

Mas eu ainda não tinha escolhido que caminho eu levaria. Eu haveria muito tempo pela frente para pensar no assunto novamente. Eu havia ficado completamente louco. Parei, virei as costas e andei em direção ao bom caminho. O lugar que eu não deveria ter deixado nenhuma vez.

Corri. Meus pés mal tocavam o chão. Eu senti que conseguiria dar a volta no mundo em apenas minutos, e não me cansaria.

Isso é muito legal, não acha?

Me assustei com a voz que escutei em minha cabeça, cambaleei e caí de joelhos no chão. Mas não vi nenhum arranhão, a não ser uma picadinha de leve no joelho.

Que estranho. Da onde será que vinha essa voz? Se fosse a minha voz, tudo bem, mas nem é a minha. Nunca havia escutado antes. Eu estava só, correndo como nunca corri antes e escuto uma voz.

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